Idéias móveis

Vai lendo... vai lendo....
vai vendo... vai vendo....
e, se quiser, dizendo, acrescentando
que das idéias pululando, algo há de caber.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Parada

Que de um susto se acorde e que aprenda de novo a bater mais forte

TUM.........................tum.
TUM.........................tum.

O coração não está parado
nem bate descompassado
bate lento, desapegado
Forte, saudável........ e amargo

Café sem açúcar
Domingo quente sem brisa
Praia nublada......
Serve..... mas não agrada

O que eu quero é fibrilar!!!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"Sem arte... a vida erra"

E isso por si só... é autoexplicativo

"Sem arte... a vida erra" !!!

Sem vida.... a arte encerra
seca a tinta, fecha-se a cortina
de todo artista maior obra prima
é ainda a "arte de viver"

domingo, 13 de novembro de 2011

Vida, louca Vida.....


A vida, morena, anda e balança

do jeito que Deus quer
Nos joga de banda
Nos vira a cabeça
tal qual arte mulher

Nos pega de jeito 
sacode a poeira
a vida... danada da vida!
Não é brincadeira!

Viver é pra quem pode, morena
e não pra quem quer!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Cuca Mestre

Mexa bem, tempere a gosto, sirva quente, mas não antes do ponto

Cozinho em fogo alto
O tempero é forte
E o sabor... jamais amargo.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Luxúria...... ou seria amor?



Me perco mil vezes admirando tuas curvas.
Pediria centenas de vezes alento em teus seios
Cairia ofegante em teu colo
Ganhando sopro de vida e fogo a cada beijo

Faria tudo, o tempo inteiro, só pra te dar prazer

Por momentos intermináveis pensaria, todo dia, maneiras de te entreter
Pra te deixar na minha, pra te fazer minha..... pra te ter.

Ter, pegar, comer.
Te usar, muito.

Até que vc me dissesse feliz e cansada, que não presta pra mais nada.
E dormir nos meus braços com direito a afagos e alguns carinhos, mas só até o raiar
Quando novamente te faria escrava.

E faria do teu corpo morada, sairia apenas para trabalhar.
Viveria em cio eterno, rosnando, ronronando madrugada afora.

E na distância te atormentaria, e ligaria no meio do dia pra te dizer impropérios em palavras vis
Apenas para repeti-las em teu ouvido durante a noite, ou na hora do almoço fugidio.

E vc me acusaria, cheia de razões, de que se sente escrava dessa carne, dessa luxúria.... desse pedaço de mim.
Pobre tola, nem sabes que tanta usura, tanto FOGO!...
Consome também a mim.

Escravo desse desejo, servo de paixão sem fim.

domingo, 11 de setembro de 2011

Amor, Rubor, Torpor

Me vejo homem, me vejo menino. E o regente do tempo, também me vê passar


Meus pelos ouriçam ao sol
E minha alma se aquece
Um vento frio brinca de leve em minha pele
Apenas por um instante, para que esqueça do enorme calor de domingo.

Meus olhos claros se ofuscam diante de tamanha força.
E mesmo fechados, brilham mais.

O cheiro é de mar.....e algo mais
que não sei decifrar, e.....
Sem saber, me sinto em paz

Não há mistérios entre mim e o rei
 
O couro irá reluzir, trocar
A carne marcada da brisa e calor há de ficar.
Dourada, reluzindo tons de vida
No leve ardor da lembrança

Um toque de pimenta.
Furto sabor, fruta cor

Uma reverência ao rei...
Que brilha soberano
Aonde quer que vá

Que ao nascer me traga sonho
que ao deitar me deixe mar.

domingo, 4 de setembro de 2011

Crônicas do Alvorecer - Respingos


Caiu-se aguaceiro do céu, meu banho de alma e corpo

Um véu claro me cerca...
sem escapatória ou abrigo
Como uma mulher, sempre encontra um meio de me tomar.
De me tocar, me ter

Véu do céu
Que desce feito benção
Como uma mão que afaga a cerne
Transmitindo todo o apreço de quem se derrama.

Ou como o punho contra o alvo
Devolvendo toda fúria com que lhe castigamos

O véu me molha......
Me lava

Me aguça os sentidos
Purifica a alma

Benta água!

Que lava o sal
o suor e o gozo

Na forma de finas agulhas
Açoitando a noite em meu ser
Me rouba o calor.

No frio me refestelo
E o fino véu me dá algo extremamente valioso
Vontade renovada.

Pronto para me secar..... e molhar de novo

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Prisma Romântico - O QUERER, bem querer



O que antes me "corria", me corre nas veias

Quis te ter...
Te colocar no colo e fazer cafuné
Quis te dar carinho
Sentar no bar pra te ouvir falar

Passar pelos lugares onde vc pudesse estar
Quis velar teu sono
Quis te ver passar
Quis e como quis ser teu

Quis medir nas tuas palavras o teu carinho
Quis falar com outros pra saber de ti
Quis tanto, tanto o teu amor
Como só pode saber quem quer

E quis, como quis!
Além de tudo, mais,
Te deitar na cama
Te sentir mulher

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Contos Inacabados - Encontro vazio

às amizades, vazios e curiosidades. às pessoas que caem como luva nos momentos mais precisos


- Idioooooota, todo mundo sabe que um copo vazio, não tá realmente “vazio”! Tá cheio de ar!

E com um tapa na nuca do amigo, o sabichão da química esperava fazer a idéia entrar naquela cabeça aparentemente oca. Tão oca quanto a expressão que o garoto sustentava durante a explicação do sabichão. Era realmente difícil não querer dar um tapa naquela expressão débil.

É, o sabichão devia se dar bem nas provas. Mas mesmo que a resposta do sabichão ganhasse um 10 do professor. Mesmo que fosse um cara do tipo nerd legal, ou descolado inteligente... ele estava completamente errado.
“Existe uma pequena parcela da população, aqueles que realmente pensam e sentem (até demais), sabem – o vazio é Foda!
Está esclarecida uma das grandes questões da vida e contestada a teoria da relatividade. O vazio é absoluto.
O copo é um bom exemplo. Foi feito para conter. Enquanto vazio, apenas espera para ser novamente preenchido. Para que o seu interior seja invadido por algum conteúdo interessante, ou inútil, tanto faz. Ele existe para ter algo que o preencha.”

Sentiu-se vazio. Um copo, vazio e rachado.

“Pelo menos uma taça.... taça é mais elegante.”

Olhou ao redor, mais uma vez tentando perceber qualquer coisa diferente que lhe chamasse a atenção.
O dia estava ensolarado e aquele banco de praça era bom como sempre... pessoas indo, vindo, babás passeando com crianças, uns velhotes jogando dominó ao longe... ou seria dama? “ ah quem se importa!”. E um cachorro cagando em área onde havia uma placa escrito “NÃO PISE NA GRAMA” (engraçado como quando um cachorro caga ele murcha as orelhas e faz cara de coitado.... parece que sabe que está fazendo merda! Literalmente, ou não).

“Tudo bem amigão, aí não fala nada sobre cagar.” Riu sozinho.

Foi quando, pensando essa merda sobre a merda do cachorro, ele se deparou com um olhar perdido do outro lado da praça....
Uma mulher jovem, bonita, de boina, óculos cult, camisa com personagem de cinema, calça cargo, uma Canon nas mãos..... tinha uma expressão tranqüila..... e um olhar perdido, olhando para o nada, parecia estar fazendo hora que nem ele. Diferente da expressão oca do moleque anterior, ela possuía uma expressão sóbria e consciente... um vazio consciente! Pelo menos foi o que conseguiu definir daquela distância.

Após gastar alguns segundos pensando se deveria ou não se aproximar, levantou-se foi até ela - como sempre seu lado impulsivo venceu o debate. Durante a caminhada, de uns 20 metros, ele mais uma vez observou o cachorro, que saiu andando alegremente deixando a prova do crime no jardim e deu mais um sorriso espontâneo, muito raro ultimamente. Quando voltou sua atenção para a fotógrafa ela estava com a câmera apontada para ele. Isso o pegou um pouco desprevenido, mas não o desagradou em nada. Encurtaria a distância para uma aproximação.

Quando ela percebeu que ele ia em sua direção, pareceu um pouco desconcertada e focou sua lente em outro lugar. Mais alguns passo e ele pergunta:

- Tirou boas fotos hoje?
- Algumas. Ela responde sem muita certeza do que disse
- Por acaso tirou alguma minha? – perguntou sorrindo
- Tirei sim. – ela deu um sorrisinho tímido.
- Posso ver?
- Ah..... bem.... pode... é uma foto sua né.... acho que vc tem direito. – E mostrou-lhe relutantemente a foto do momento em que ele olhava o cão abandonando o jardim. Mãos nos bolsos da calça cargo, camisa “gola V” justa e cabeça virada para o lado direito e um sorriso aberto. A folhas no chão e a luz por entre as árvores deram um toque outonal à foto. Ele adorou.

- Uau! Eu pareço muito bem nessa foto! Melhor que o real. Vc é realmente muito boa! Eu não sou nem um pouco fotogênico.
- Ah, obrigada – Ela disse mais uma vez sem graça.
- Posso ver as outras?
- Desculpa, mas eu não gosto muito de mostrar minhas fotos. É um pouco pessoal demais.... entende?

Ele achou aquilo extremamente interessante. Gostava de escrever de vez em quando, admirava a pintura e ainda mais as esculturas. Mas não sabia quase nada sobre fotografia – o “quase” se limitava a manter as pessoas enquadradas e apertar o botão para tirar uma foto. Achou ali uma boa oportunidade de ampliar sua visão. Queria muito saber o que motivava um fotógrafo, além de roubar a privacidade alheia.
Depois de observar-se na câmera por mais um tempo, perguntou:

- E o que essa foto minha poderia dizer sobre você?

Aquele sujeito estranho fazendo tantas perguntas e tomando parte de seu trabalho estava começando a irritá-la e ela começou a procurar um jeito de sair dali. Por mais que ele tivesse lhe rendido a melhor foto do dia, estava sendo um pé no saco.
Ele percebeu que a colocara numa situação desconfortável e resolveu se explicar

- Me desculpe se eu estou sendo muito invasivo, mas eu me interesso por quase todas as formas de arte e não sei absolutamente nada sobre a fotografia.

Ela olhou no fundo de seus olhos. “Sinceros”. E respondeu.
- Quando você fotografa existem certos detalhes que deve considerar: filtro, luminosidade, enquadramento, foco, além de efeitos que pode utilizar. Gosto de fotografar pessoas em movimento no dia a dia. Esperei você andar até aquele ponto para capturar aquela luz no seu rosto, o sorriso foi pura sorte..... e gosto também de lugares amplos e vazios.

Ele absorveu cada palavra com a curiosidade de uma criança, mas aquela última deixou-lhe mais atento.
- Como assim, lugares vazios?

- Bem observe bem, você está no centro ao seu redor algumas folhas e, ao fundo, o banco que você ocupava e algumas árvores. Invariavelmente existem metros e metros de vazio nessa foto, entre você e o fundo. Observe essas outras....
Ela, sem perceber, abriu seu espaço, e mostrou diversas fotos impregnadas de vazio. Depois da quarta foto “cheia de nada” ele apenas observava a forma empolgada que ela lhe explicava seu mundo através da lente.

Se tinha alguma coisa em que o curioso era bom, era em conhecer as pessoas.
- Quer dizer então que a lente mostra aquilo de que o coração está cheio.

Interrompida, pega de surpresa, desprevenida. Concordou, deixando a verdade sair.
- Sim, é exatamente isso.

Ele olhou no fundo de seus olhos..... seu primeiro julgamento não estava errado. “Aí está ele! O vazio consciente que eu percebi logo de cara.”

Passaram algum tempo encarando o nada.... ela encabulada, por ter se aberto daquela forma para um estranho, e digerindo a própria resposta. Ele pensativo, vendo a doença do vazio se alastrar.
Interrompendo o momento constrangedor, olhou para a garota e sorriu
- Então minha cara taça vazia, como vc se chama?

- Pode me chamar de Alê. Taça vazia?! Essa foi ótima!

- Eu sou o Ricardo, muito prazer. Vc me ensinou uma ou duas coisas hoje. Muito legal falar com vc. E não se preocupe. De um copo vazio para o outro: sofremos do mesmo mal. Estava aqui sentado sem fazer nada tentando tapar meus próprios buracos.

- Não me leve a mal, não sou muito de conversar com estranhos, mas alguma coisa no seu comportamento me dizia para não me preocupar.

Ele deu outro sorrisão
- Certa vez me disseram que eu tenho cara de menino que nunca quebrou um prato. O que deve ser engraçado, com essa minha barba mal feita.

- Hahahahahhahahaa, com certeza! Mas eu devo discordar. Você tem a curiosidade de menino que já quebrou muuuuitos pratos!

- HAHAHAHAHAHAHAHAHAH. Droga! Agora fiquei com crise de identidade infantil. Minha criança interior não sabe mais se quebra ou não os pratos!

Os dois gargalhando, conversando besteira, vendo o tempo passar..... meia hora já devia ter se passado, até que ele fala.
- Ok, você me convenceu, vamos encher nossos copos vazios em algum lugar.

- Como assim, eu não to tentando te convencer de nada! Hahahahahaha que presunçoso!

- Você não, mas eu estava aqui decidindo se te chamava ou não pra continuar essa conversa num ambiente mais bacana. E você se mostrou uma pessoa muito melhor nos últimos 10 minutos do que nos 10 primeiros. Então você me convenceu a te convidar.

- Meu Deus! Você não existe! Acha mesmo que eu vou cair nessa cantada?

- Opa! Não me entenda mal. Isso não é uma cantada, é apenas um convite.....

- Bom, nesse caso... eu aceit...

- ....A cantada só virá depois da terceira taça.

- HAHAHAHAHAHAHAHAHA. Você é muito cara de pau!

- Você acabou de presenciar um dos meus maiores defeitos/qualidades: eu nunca perco uma piada!

Ele se levantou, e estendeu o braço para que ela o acompanhasse. “por que não? Meu dia estava uma merda até esse maluco aparecer.... ” posicionou sua câmera ao lado do corpo, pegou sua bolsa e aceitou o apoio do braço dele. Começaram a caminhar.

Ele diz:
- Espera! Isso pede uma foto, não?!

Ela imediatamente sacou a câmera e se posicionou ao lado dele com a lente virada para seus rostos.

- E como você nomearia a foto?
Ela perguntou.

- “Preenchendo o vazio”. - Respondeu.

- Você acha que a gente consegue?

- Não sei se totalmente, mas algumas coisas com certeza fazem ele ficar menor. Uma pizza por exemplo!


- Acho que descobri onde seu vazio fica. É no estômago! hahahaha. Com vinho?

- E por que não? Te devo pelo menos 3 taças antes de te cantar.

Saíram caminhando de braços dados, sorrindo e, com certeza, mais leves do que quando se encontraram.

domingo, 7 de agosto de 2011

Renascença

Ovo, casca ou casulo, é hora de abandonar... olhar por cima do muro.
E no dia de recomeço
com meu jeito meio tropeço
meu coração sem receio
só me resta seguir assim

Caminho traçado no passo
peito aberto pro futuro
a alma com fome de tudo:
Saber, sofrer e sorrir.

terça-feira, 26 de julho de 2011

O oitavo desejo

http://letras.terra.com.br/alceu-valenca/44015/
Lembro o teu cheiro doce
entrando pela janela
O lençol que desenhava
as curvas do corpo dela

Recomeçando das cinzas
vou farejando na relva
E lembro o teu cheiro doce
entrando pela janela....

E o desmantelo da noite
é dar asas a saudade
Do jeito que me atormenta
o choro que me invade

Recomeçando das cinzas
vou refazendo a verdade
E o desmantelo da noite
é dar asas a saudade

E agora penso que a estrada
da vida tem ida e volta
Ninguém foge do destino
esse trem que nos transporta

Recomeçando das cinzas
desejo nao ter ido embora
Procuro a felicidade
na soleira da tua porta

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Prisma Romântico - Flavoreios

O meu maior medo de ser, é me perder, sem ter jamais me encontrado

Meu coração flutua
Ao leve sabor da maré
Não se importa com o que quero
Tampouco sabe o que quer

Meu coração vagueia
Sem saber p’ronde vai
Cortando a marola da dor
Na brisa suspiro dos ais

As ondas sacodem o cais
Tempestades, ventanias!

Ah! Como eu queria...
Em meio a tanta agonia
Achar fresta de sol
Atracar na calmaria

Navega impreciso meu barco
Vencendo as ondas em fúria
E mesmo na imensidão do breu
Jamais se entrega a lamúria

Balança e rodopia o barco
Sem caminho, sem razão
No mar mais bravio e perigoso
Há de se perder pobre barco corajoso
No mar sem fim da paixão

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Contos Incabados – A (quase) Casa

Quanto me vale tudo, se o pouco me convém?

“Abrigo
Uma necessidade quase tão antiga quanto as primeiras formas de vida. Contra o frio, o escuro.... contra a vida. Há quem diga que as mitocôndrias são bactérias que se refugiaram no interior de outras células e se especializaram em produzir energia, em troca de abrigo e alimento.

Cavernas, troncos ocos, esconderijos, tocas. Abrigo”

Com esses pensamentos zumbindo em seus ouvidos, apenas idéias soltas sem nenhuma concatenação, ele adentrou o pequeno espaço. Parede e piso brancos, apertado, mas nem tanto. Sem sala, mas uma grande cama, um banheiro respeitável, cozinha sem divisória com mesa para 3 lugares.

“Que exagero”, pensou. Pretendia ficar sozinho. Precisava. Embora desejasse avidamente por compania.

Rapidamente ocupou a cadeira com entulhos que trazia nas mãos, tesouros seus, inestimáveis, e sem nenhum valor real: um ventilador velho, um capacete novo e barato, algumas compras e a camisa que vinha dependurada nos ombros.

Olhou para a cama de casal....”bom, essa eu não pretendo desperdiçar.” sorriu e rogou para ter essa sorte.

Foi ao banheiro lavar o rosto para espantar o calor e o cansaço. Havia muito por fazer e apesar da preguiça ele se sentia extremamente empolgado.

Não fazia idéia de quanto há quanto tempo não se sentia tão livre.... e só, e feliz, e saudoso, e esperançoso, e apertado(de dinheiro) e enfim....seu.

Lhe pareceu que o sucesso de um homem é medido pelo espaço que ele (bem como o que ele possui) é capaz de ocupar. Sendo assim ele teria evoluído, saindo de um quarto minúsculo para uma gostosa kitinete de 5x5m.... não importava se isso fazia sentido ou não, verdade ou mentira, era assim que se sentia. Naquele espaço era rei.

Um rei nú, que comia besteiras, com uma dieta a base de sanduíche, sucrilhos e raras frutas. E a não ser pela impressionante capacidade de fazer um respeitável ovo frito e um miojo talharim (o único que suportava) era um perfeito inútil na cozinha. E seria o maior dos desafios permanecer assim, pois tinha aversão a qualquer serviço doméstico. Inclusive a arrumar a própria bagunça! Por vezes desejava que os objetos voltassem sozinhos aos seus lugares e lhe poupassem um tempo precioso da vida. Sorriu ao lembrar de sua avó, que enquanto catava as suas coisas sempre dizia que “a limpeza Deus amou”. Ele sempre lhe respondia, lhe arrancando um sorriso, “eu sou gente boa, minha bagunça Deus perdoa!”. Morria de saudades dela.

Olhou mais uma vez em volta e pesou a sua realidade:
O aluguel era bom, o lugar satisfatório, a sua bagunça habitual o incomodava, mas não o suficiente para fazê-lo arrumar....e ele nem sabia por onde começar de qualquer forma. Não havia guarda roupa, ou espaço para suas roupas.

Riu-se “ahhhh meu Deus, crescer vai dar trabalho!”

Catou um papel qualquer entre seus muitos e colou na porta os seguintes dizeres:

“Longe de ser o melhor lugar,
Mas era seu.
Um lugar pra retornar:
Lar.”

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Prisma Romântico - Morenidade

Me surpreende a vontade, de me perder em teus cabelos, sem querer jamais me encontrar

Cabelo moreno,
Pele morena

Corpo moreno,
jeito morena

boca morena
risada morena

Tanto sorriso cabe nessa boca tão pequena

Sorriso moreno
de alma morena.

Nariz moreno,
cheiro moreno

Orelha, mãos, dedos, pelos e brilho morenos....

Meu amor é moreno, encaracolado
enrolado, suave e faceiro em tua mão,
Mulher morena.

domingo, 8 de maio de 2011

Ciranda dos Miranda

São dadas as mãos, que se conectam corpo alma e coração

Ciranda cirandinha,
vamos todos cirandar.
Do Miranda ao Mirandinha,
vamos todos Mirandar

A ciranda dos Miranda
é tão boa de cantar,
é ciranda de amor,
de harmonia familiar

E a Miranda Mirandinha
que logo, logo vai chegar,
alegrando o ambiente,
já nascendo a cirandar.

E os Miranda na ciranda,
é tão bom de observar,
que a roda fica viva,
é uma honra mirandar.

Na ciranda dos Miranda
o mundo fica mais contente,
se enche de sons e cores
e sabores diferentes

Eu cirando e eu "Mirando",
não poderia ser diferente.
Meu espírito se alegra
sorrio de corpo e mente.

Na seara dos miranda,
do jeito que canto e danço
o meu mundo, na ciranda
vai girando, vai pra frente.

domingo, 24 de abril de 2011

Contos Incabados – Retrato sentido

Cansado de olhar para os lados, vasculho dentro, na esperança de gostar do que vejo.

Fudido, cansado, preguiçoso, o sem teto decidiu escrever, talvez na tentativa de passar o tempo, ou para refinar a dor, nem ele saberia dizer. Ou melhor, digitar – a inclusão digital permite que indivíduos que não tem onde cair morto possuam computador e até internet. Algo realmente o incomodava. Vasculhou dentro de si alguma coisa digna de ser “posta no papel”. Um sentimento qualquer, uma idéia latente... mas se achava vazio, e não conseguiu de súbito definir o que sentia como de costume, era diferente do vazio comum, já bem conhecido deste.

Até que distraído entre fotos e arquivos de textos passados, o playlist tocou uma música do greenday  que dizia “I walk the ‘Lonely Road’, the only Road that i have ever known”. Aquela frase muitas vezes ouvida repentinamente fez um enorme sentido. Percebeu em si a causa do sentimento constante que tanto o aborrecia e se fazia presente por tempo demais, por vezes demais: estava sozinho.

Era isso exatamente que sentia naquele momento. Foi tão reveladora a sensação, tão clara e concreta que ele quase podia tocá-la. Enquanto ela, recém descoberta, mostrava-se faceira em toda sua extensão.
A descoberta até o deixou feliz, mesmo assim, murcho, e ele achou isso meio doentio, além de triste. Mas sim, ficou feliz de saber o que o afligia, o que tirou seu sono na noite passada,e na anterior e o que o deixou quieto e pensativo nos raros momentos tranquilos durante o dia.

Terminou a noite sozinho, do jeito que havia começado o dia, do mesmo jeito que havia acabado as noites anteriores e com certeza mais algumas longas noites ainda por vir. A bendita estava minando sua vida social, seus contatos, seu brilho. O telefone não tocava, deixou de receber convites interessantes, parou de receber olhares e sorrisos salientes... sentia-se obsoleto, feito um carro velho remendado.

Antes que conseguisse pegar no sono “rabiscou” algumas coisas no PC. Uma espécie de brainstorm sentimental. E embora tenha gostado do que escreveu, isso não o fez sentir-se melhor em nada:

“Maldita companheira de todas as horas.
Deseducada feito uma adolescente rebelde.
Se faz ausente na chegada dos queridos,
Imediatamente instalada na falta destes.
Ou de qualquer um.

‘Personificação’ de tudo que mais teme o ser humano.
Silêncio e vazio.
Desolação de apetite insaciável.
Autoconsumo inacabável
Não me recordo de tê-la convidado a entrar”

Fechou os olhos, pensou na sua solidão e abraçou-a carinhosamente. Aprendeu há muito a abraçar os seus sentimentos, estudá-los, entende-los e dissecá-los. Assim poderia conviver melhor com ela, para quem sabe um dia expulsá-la pelos anos de aluguel não pago em seu peito.

Deitou-se cansado e aflito, torcendo por uma boa noite de sono, tão rara ultimamente. Adormeceu sem perceber, logo após a última lágrima, sentindo todo o peso de sua angústia o puxando para baixo, enquanto seu pensamento se fixava numa imagem do sentimento concretizado: a imagem de uma velha banguela e enrugada e de olhos tristes, sentada em frente a uma casa também velha e vazia como ela, às 5hs da manhã, ainda no escuro, na esperança de ver o sol raiar.

O retrato da solidão.

domingo, 17 de abril de 2011

Nostalgia - Nós numa fria

Ando me lamentando por aí, chorando e cantando até a saudade do que não vivi.

Saudade: Recordação suave e melancólica de pessoa ausente, local ou coisa distante, que se deseja voltar a ver ou possuir.

Saudade é um sentimento inerente a felicidade: tudo aquilo nos faz felizes nos faz falta.

Então a saudade está associada a coisas boas que tivemos ou vivemos, e sempre incomoda o fato de não podermos ter mais.
 “Toda dor vem do desejo de não sentirmos dor”

Mas a saudade além de uma lembrança, uma dorzinha fina e constante, é também uma armadilha.

Uma armadilha na qual caímos constantemente, evitando que vejamos o novo.
Quando “matamos” a saudade de algo ou alguém estamos apenas alimentando a breve felicidade , retardando a volta da saudade. E, numa análise mais profunda, transferindo para o objeto da saudade a responsabilidade de nos fazer felizes.

A saudade vem da felicidade, e do apego. Apego que nos mantém presos, inertes, e por vezes, cegos para as novas oportunidades, experiências e chances que a vida nos dá.

Então pegue tudo aquilo que te agrada e que você sente falta, aquelas férias maravilhosas, aquele(a) ex-namorado(a), aquele emprego que tanto gostava, aquele amigo que viajou, aquela chance que perdeu.... amarre tudo em um saco, jogue tudo fora (simbolicamente).
Mas esqueça mesmo.
Guarde em um canto longínquo da sua mente para não lembrar sempre, apenas o suficiente para não esquecer a lição, para lembrar do que foi bom. Apenas um registro do que viveu.

E farte-se, deleite-se com todas as coisas novas e boas que você poderá viver, aprender e esquecer. Abra as portas pro que há de vir.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Prisma Romântico - Rosa Torta

Desabrochar rosa, desaflorar dor, despetalar casulo, reascender flor

Rosa torta
Toda torta, tortinha
Rosa sozinha
Rosa só minha
Rosa sozinha
Rosa rosinha
Torta todinha

Torta, mas nem por isso morta
Toda torta minha rosa,
Nem por isso perde o viço
Nem brilho
Nem feitiço

Caule torto, folha torta
Pétala rosa
Nasceu errada, vermelho torto, de rosa se fez chamar

Não teme nada, só quer consolo, ombro de cravo a se apoiar
Cheia de espinho, qualquer vacilo, caro amigo, e pode te perfurar
Espinho torto, mas afiado, punindo quem a pensar enganar

E assim minha rosa, que é toda torta, espera e espera
Impaciente, inquieta, tão triste e desperta
A hora de desabrochar.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Contos Inacabados - Divórcio


Mochila nas costas, malas em punho, olhei pela última vez o meu quarto, e fui invadido por uma torrente de lembranças que se resumiam em saudade. Além de uma sensação de perda inerente ao fato de que algo que sempre foi “seu”, já não é mais.
Uma vez foi meu, mas agora era dela, inteiramente dela. Um pedaço de mim que ali haveria de ficar, apenas para ser dissecado e retirado, como um membro gangrenoso que não serve mais.

Malas prontas, mente afiada, decisão na ponta da alma, coração batendo na frente dos olhos, lágrimas transbordando em suor.
Ao chegar na sala encontro com ela sentada no sofá: expressão firme, braços cruzados, em um vestido velho de tom hostil. Ela estava hostil. Toda a aura a sua volta indicava a cólera dos ditadores, uma nuvem de gás lacrimogêneo atirada contra os manifestantes.
De meu lado eu gritava “independência ou morte!”. Firme e forte. Mas pronto para desistir ao menor sinal de recuo. Estava cansado das sucessivas batalhas. O que era um excelente motivo para partir, e um ótimo para ficar. Subitamente ela disse:

- Pra onde você vai?
- Vou dividir um AP com uns amigos por um tempo.
- Tá certo..... Fique com Deus.
- Obrigado pelos anos de dedicação e amor.

Dei-lhe um beijo tímido na testa, incoerente com o tamanho da minha vontade de abraçá-la.
Saí sem mais palavras, sem coragem de dizer nada. Nem ouvir nada. Nossas brigas, nosso orgulho e nossos egos inchados não nos permitiam mais. Infelizes inquilinos do peito de nós dois. 
Infelizes de nós, menos que um, cada um. 
Há muito tempo nossa capacidade de conversar já havia desaparecido, dando início a um embate homérico, uma guerra dos cem anos. Entre mortos e feridos, o nosso amor morreu.

Do lado de fora do apartamento eu esperava o elevador, a porta já fechada me indicava que não havia mais volta. Aquele era um caminho selado, e eu não deveria mais pensar sobre ele.
Muitas coisas na vida jamais voltam, e eu estava disposto a tomar o mesmo rumo, em frente e adiante, para nunca mais voltar. Não podíamos mai viver as nossas vidas sob um mesmo teto. Estávamos nos anulando.
Fiquei em dúvida se deixava ou não as chaves de “casa” com ela, afinal... a partir daquele momento eu seria uma visita. Paradoxalmente, eu a guardei, com a desculpa de que todos devem ter uma chave reserva com alguém, “nunca se sabe quando pode precisar de uma cópia, um socorro....”.


Quando dei por mim já estava na porta do carro, pronto para embarcar na nova jornada, a mais emocionante e temerosa até então.
Um punhado de dinheiro, muitos sonhos, pouca experiência, um mundo de fé na vida.
Vamos lá, desbravar o desbravado, redescobrir caminhos já marcados, construir a vida que já existe, e que eu não saberia até deixá-la, e a aquele lugar, e tudo que eles representam....

“Droga, esqueci a sacola com os sapatos!”
Voltei apressado para apanhar a bendita sacola. Um gesto repetido diariamente por anos: sair e voltar para buscar algo que esqueci. Ao entrar na “casa dela” ouvi o ruído de seu choro abafado no quarto, enquanto se lamentava ao telefone. Passei invisível, incapaz de ver suas lágrimas, saí feito um foguete, para que não me detivesse. Fugi.


Apenas respirei já dentro do elevador, enquanto descia, e com o peito apertado e pesado balbuciei.
- Adeus Mãe...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Sabedoria simples

Mesmo que vc se comporte como igual, na essência, seja diferente.

Por mais que a maçã caia em sua cabeça 100x, nunca é possível dizer, com toda certeza... que ela cairá na próxima.

Mantenha a mente afiada.
O coração desperto.
Olhos e ouvidos bem abertos.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Homem -> Em vias de extinção

"...it's evolution baby!"

O homem vai acabar. Fato. Eu falo do Homem, sexo masculino, não da raça humana.
Ser homem tá fora de moda! Ou como diriam os mais modernos: Outfashion!

Explicando:
É simples! Imagine um homem, qualquer um. O primeiro que veio a cabeça quem é? Guarde essa imagem.
Agora idealize um homem perfeito, ideal.... salva essa tb.

O homem evoluiu dos macacos, e como todo bom macho (em sua maioria), ele é maior e mais forte que a fêmea. Geralmente responsável pela manutenção do bando em termos de segurança e alimento.

Linha do tempo:
O homem antigo caçava, fabricava ferramentas e pegava fêmeas na marra. Aparentemente ainda existem reminiscentes nos dias de hoje.Você pode encontrá-los durante o carnaval soteropolitano.
O homem na idade média era ignorante e praticante da guerra. Também encontramos alguns por aí.
O homem moderno se tornou um pouco mais sofisticado, apreciador da arte, filosofia e ciência.
Mas o homem contemporâneo......esse é o foco da questão!

Aparentemente sua origem se deu na civilização grega,. Uma civilização muito avançada, que chegou a seguinte conclusao: que esse negócio de homem ser homem e gostar de mulher é muito limitado!
Os gregos valorizavam tanto os homens que achavam que o verdadeiro amor e respeito só poderia existir entre dois homens (hummmmmm....... ai meu Jésúis Cristinho! mas vamo que vamo...)

Homem é um ser másculo, que possui pelos no corpo, voz grossa e uma certa brutalidade natural. Incapaz de procurar uma solução delicada quando se pode esmurrar uma porta. Geralmente cultiva uma barriguinha de chopp, um irresistível  tobogã sexual para muitas mulheres. E vai fazer de TUDO, eu disse TUDO, pra conseguir uma fêmea. Ele vai falar alto, dar gargalhadas e dançar se expondo ao ridículo da autoexibição. Vai até ter um bom emprego e se acabar de pagar um carro em 60x, sem saber de onde tirar dinheiro pra pagar o seguro. Vai usar roupas caras de promoção, e tentar de toda forma provar o seu valor como macho e reprodutor.

Então lembra daquelas imagens que vc formou do homem na sua cabeça? O real e o ideal?
Pois bem, o homem real, acrescido das nuances pessoais e mais alguns trecos, está decididamente descrito no parágrafo acima.
Já o homem ideal provavelmente é um tanto musculoso, ou apenas em forma, gentil, inteligente, educado, sensível, bonito, simpático, atraente, abre a porta do carro, puxa a cadeira e abaixa a tampa do vaso...... enfim = UM GAY!!!
Homem assim não existe! Ponto. Afirmativo, exclamativo, e definitivo. Se vc é casada ou se relaciona com um tipo desses é melhor pular fora antes que ele assuma que é gay enquanto ainda está com vc.

Cada dia que passa as mulheres se atraem por um tipo de homem altamente feminino: Pele lisa, sem pelos, cabelos com luzes, que sabem se vestir com roupas de estilistas, sexys e sensuais... algo meio parecido com o Justin Bieber.... ÉCA!. Esses são os famosos pseudogays, os metrossexuais. Eles estão mais perto da grande descoberta do que eu, com certeza.

O macho já era!

Ultimamente o homem macho tem sido taxado como troglodita e antiquado, e nem precisa ser mal educado para isso. Basta não ser cult, letrado, versado e gostar de encher o prato na hora do almoço.

Macheza deu lugar a educação e finesse. Um brinde a etiqueta, que está matando o macho! Puta que pariu, não posso nem arrotar!!! Invejo o cachorro, que vai peidar e cagar na frente da cadela e ela nem vai ligar, vai até cheirar pra saber se tá tudo bem com ele. Isso é amor!
O homem contemporâneo não tem direito de peidar. Haja pressão!

O homem ainda sofre determinadas pressões sociais, talvez ignoradas pela maioria das mulheres. Temos que ser bem sucedidos, ter carro, ganhar bem, ter pau grande e saber usá-lo como a varinha mágica do Harry Potter. Éeeeeee, meu caro, se seu pinto não solta faíscas pela ponta e faz objetos voarem, procure o Boston Medical Group - "Sexo é vida". Broxar é a morte, maluco!

As mulheres estão perdidas.
Existe uma escassez de homem. Boa parte deles se tornou homossexual e a tendência é o número aumentar. Mas as mulheres se adaptam facilmente e resistem às maiores provações. Inclusive já estão se virando entre elas, com alguns exemplares que vestem blusas de caminhoneiro e botas Timberland. Provavelmente mais machos do que eu!


Justiça seja feita, as mulheres sofrem muito mais pressão que os homens. Mas vivem uma fase pós repressão: onde saíram de um extremo reprimido para o outro repressor. Existem milhões de homens que se sentem ameaçados pelas mulheres. "Coitados pobres e indefesos com seus pintos murchos e sem vida" (não lembro onde li isso).

A mulheres são foda, cara! Elas realmente vão dominar o mundo!

Apenas para, depois, dar lugar a nova classe dos "ex reprimidos": aos homossexuais, bissexuais, tri, trans, pan..... enfim todas as classes reprimidas sexualmente atualmente.

Então, quando o fim do mundo realmente chegar (não em 2012), provavelmente interromperá uma grande suruba global entre humanos, animais, plantas e outros seres inanimados.
Boa sorte a quem teve coragem de colocar filho no mundo! ; )

Pensando bem... a gente já fode com o planeta hoje!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Prisma Romântico - Alegria Original

Algumas vezes na vida deveríamos esquecer o que somos, retornando ao que fomos

Eu vi um menino
Correndo suado
Pulando e brincando na beira do mar

Eu vi um menino
 veloz como o vento
em seu rosto energia, fantasia, alegria

Eu vi um menino
curtindo sem medo
cantando dançando no compasso do frevo

Eu vi um menino
Um clarão de alegria
Numa noite estrelada de um céu sem lua

Eu vi um menino
Uma pitada de gente
Por pouco não passa por menino de rua

Eu vi um menino
Que me encantou no seu desatino.
Há muito já o conhecia

Mas nunca o havia visto Menino.
"...toooda rua de Olinda tem saída na Bahia..."

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Ilustre desconhecido

Será que veríamos aquele paradoxo teatral das duas máscaras? Se essa face ri, a outra....?

Abrem-se as portas.

A Noiva, linda e emocionada, entra na igreja, atraindo todos os olhares enquanto uma maravilhosa música ecoa por todo o ambiente, fazendo estremecer as próprias paredes, os ossos e o coração dos presentes.
Ao longo de sua trajetória lança olhares agradecidos, beijos e tchauzinhos, piscadelas e toda espécie de sinais que é posível fazer com olhos, boca e cabeça. Ela é a grande estrela.

Todas as mulheres olham com admiração e talvez um pouco de inveja, aquela invejinha boa, na maioria dos casos. Sabe como é, né.... são mulheres! Boa parte já se imagina no lugar da noiva, realizando um sonho, algumas rememoram em segundos os seus próprios casamentos.

Os pais e os padrinhos se sentem felizes e orgulhosos. São importantes coadjuvantes neste evento social supervalorizado.

Ao chegar no altar, após aquele abraço carinhoso na filha, a qual perdeu para o jugo da vontade de outro homem, o pai se vira para o local onde está o culpado.......
A noiva grita escandalizada, os convidados até então encantados acordam de um sonho.

UÉ CADÊ O NOIVO????!!!! Meu Deus! Coitada da noiva! Que em prantos é socorrida estragando toda a sua maquiagem enquanto murmura entre soluços: acabou com a minha festa de casamento...!


KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Exageros a parte, fala sério: é capaz de ninguém dar falta do noivo até o primeiro momento de importância do infeliz na noite do GAME OVER. Estão todos voltados para a NOIVA. Sabe-se lá, se o coitado acima não foi raptado, assaltado, assassinado, ou está machucado no hospital porque teve uma síncope ao usar tanto terno, fraque e camisa em uma noite de verão.

A escolha do vestido é uma odisséia, a decoração os doces os salgados, convidados, músicas.... ninguém pergunta nada ao noivo! Ficamos lá, sendo meros figurates na grande noite da vida daquela mulher. Podemos estar pagando a festa, sustentando a casa... pfffffff! quem se  importa? Perdeu playboy! A noite é dela. Fato incontesti.

Após a cerimônia de um casal de amigos me postei ao lado do noivo e fiquei observando a cascata de pessoas que os cumprimentavam. Era uma média de 10s pra noiva, 3s para o noivo. Nos cumprimentos eles elogiavam o vestido a decoração, maquiagem, cabelo e davam-lhes muitos parabéns, merecidos por sinal. Já meu pobre amigo, ganhava votos de felicidade, apertos de mão amigáveis e a sacanagem dos amigos mais íntimos, dizendo que agora ele era um "dominado". nada para ele pessoal!

A festa de casamento é o primeiro grande sinal de que quem manda nos relacionamentos é a mulher, e a tendência é ela se epalhar ainda mais, e aos poucos.

A impressão que algumas mulheres me passam é de que "querem casar". Não importa como, ou com quem... mas querem! É um objetivo a ser alcançado, um sonho, uma meta.
A medida que os relacionamentos começam e terminam, muda a cara do bonequinho no bolo de casamento sonhado. Não muda muito o vestido, nem a decoração, a lista de convidados.... as vezes nem as músicas mudam muito. Só o noivo é completamente diferente.

Ninguém tá nem aí pro noivo! Se as noivas não precisassem dele pra casar, acho que muitas nem fariam questão. Afinal, homem tá fora de moda né? Mas isso é assunto pra outro texto.


Alguém tem 30 centavos aí? To sem ficha pro continue.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A crisálida e o prefixo "Re"

é preciso um pouco de coragem e fé para abandonar o casulo e ganhar a imensidão

“Não há de encontrar jamais felicidade, quem quer que tenha amado uma única vez”

Não porque “amar é sofrer”, mas porque o amor é a mais viciante droga. O crack perde fácil. O sentimento nos torna tão felizes e completos, que após findado o romance, o desamor nos leva ao delírio.
As crises de abstinência são colossais.

Ao romântico o sofrer.
Aos felizes ignorantes, resta o desconhecimento de não saber o que é sofrer por amor, o que é aquele sentimento sublime, mesmo quando dor. Geralmente quando se supera a abstinência, a dor e a solidão, nos tornamos pessoas melhores, mais fortes, mais preparadas para a vida. Até nisso o saldo é positivo.

O amor liberta, aquece, alimenta e afaga, e se a única coisa que se sente for vazio e dissabor, a culpa é inteiramente de quem sente, pois não soube usar o amor. Deixou que outros sentimentos menores tomassem conta.

Amor, enorme. Que nos faz maiores do que somos, por amar e querer bem ao objeto da dor. Tudo o mais que se sente é fruto da própria imperfeição.
Dor, rancor, mágoa.... filhos ingratos e bastardos, não são frutos do amor, mas do nosso despreparo para o mesmo.

E por mais que doa, o que importa mesmo é que o amor aconteceu.... não que ele tenha acabado. A única coisa que levamos dessa vida são as lembranças. Que sejam maravilhosas, então.

O romântico é mesmo um grande idiota. O que oferece novamente a face. Pronto para ser mais uma vez atingido em cheio pelo punho macio da paixão.

Porém, maior idiota aquele que não ama por medo. E a covardia não merece palavras deste interlocutor. Este aí está fadado a infelicidade ou ao insosso destempero de uma vida fria. Bocejo só de pensar.

Prefiro dezenas de vezes a guerra do amor que a falsa e inerte paz interior dos frios desamados.

Então Re-amemos!
Abandonemos nossas carapaças, nosso casulos e dor, e sejamos um bando de idiotas felizes.
Eu já sou um grande idiota, ser infeliz já seria burrice.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Crônicas do Alvorecer - Oco

e no meu descompasso absurdo... mesmo que tenha tudo, me faltará espaço.

Outrora o que me sobrava,
por ora me falta.
Outrora.
Por ora, o que me sobra
é falta

Depois de tanto sol,
tanto suor,
tanto amor,
dissabor,
O que me resta é sobrar.

Após a seca, enchente
antes vivo, agora dormente
caudaloso e nascente.

Brota fome de onde há completude

E tudo o que me sobra é faltar.

E a mim tudo falta.
Em si.

E a falta fala em mim.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Prisma Romântico - Impulso expulso

...quando sincero, sente-se acolhido até a alma. Conforto que alegra, acalma. Aperto que liberta, afaga.

Dispenso horas,
e dias
aos beijos de quem me interessar possa

Aceito abraços
Carícias
de quem me conquistar o coração

Sorrisos soltos ,
leves,
espantam a solidão

Polidores de alma, substrato de sonhos, por vezes secadores de lágrimas.

Preenchem-
-me,
fazem transbordar.
cresço, expando, subo.

Esbanjo risos,
doando amor,
dispenso de meu coração em si.

Nego a distância,
nego o tempo,
solidão.

E por vezes nego a mim na tentativa de ser melhor para vocês, por vocês.

Por vezes me parece amigo,
por vezes irmão,
por vezes companheiros de estrada, desvios, problemas e solução.

Causa, efeito e destino
Espírito que me completa
Anticorpo contra solidão

Por vezes me parece amigo,
por vezes me parece irmão.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Sexo Literal

Como, devoro, aperto, sinto, perto. Dentro e a minha volta.

Transar, comer, fuder, trepar...
Até cansar.

Até escorrer o suor,
e secar.
E do poro seco mais suor brotar.

Até o corpo não mais aguentar
a sentir mais e mais prazer.

Consumir todo o fogo,
até perder o ar.

Até a consciência findar,
até a humanindade sumir.

Até o juízo esvair,
a comporta do instinsto se abrir.


Num sopro de vida, gritar!

Até me fazer gozo,
e em gozo jorrar.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Prisma Romântico - Sempre Bela

Pequena, delicada, linda e clássica...
Incrivelmente e incomumente bela
Assim o é..... Bela

Charmosa no andar,
leve no caminhar
porém ríspida no falar.
Me faz sorrir, a Bela

Olhar essa menina me faz perder a noção do tempo.
Não da maneira piegas que te passas pela cabeça agora.

Olhando seu corpo me vejo contemplando uma menina
de jeito leve,
de passos mais leves, quase bailarina.
Menina. Bela Menina

Já tua alma vejo madura,
robusta e forte.
Se transcende o simples reflexo do espelho,
além dos prismas de luz que meus olhos podem ver.

Os olhos d'alma regozijam em enxergar mais longe.
E essa alma, não menos que teu corpo, ao meu olho seduz.

Mas não a sedução como pensas de modo vil.

Me mantém ativo,
olhando, vivo, esperto.
Me faz querer estar por perto.
Em órbita elíptica.
Tonto.
Um satélite casual

Sagaz, ma faz pensar.
Teu cinismo me faz cócegas
Teu sarcasmo me fascina
e gargalho sem disfarçar o prazer de estar contigo.
Em tua bela companhia.....Bela.

Bela, bela.

Maravilhosa como qualquer tarde ensolarada no meio da primavera recheada de jovens flores num jardim qualquer do mundo. Não importa o lugar..... mas sim a primavera, o sol e, claro, as flores.
Sim, uma Bela flor de um jardim

Não tente te-la, pois ela pertence ao mundo.
Não a este propriamente dito.
Na verdade a vejo com este mundo pequenino na palma da sua mão.
Seus limites inferiores não servem para Bela

"Belle de jour".
Bela, Toujours belle.
Toque macio, quente e ácido a flor da pele.

E abaixo dela.