Idéias móveis

Vai lendo... vai lendo....
vai vendo... vai vendo....
e, se quiser, dizendo, acrescentando
que das idéias pululando, algo há de caber.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sofrego 2 - Povo Queimado

Se isso é uma foto, e não uma pintura, essa realidade é mais recente do que eu gostaria.

A vela o barco enleva,
e leva.... leva... leva...

a leva carrega a vela,
e vela,
vela pelos que se foram,
vela pelos que ficaram.

Pelos que morreram,
e sob o velo do choro se libertaram
e desatracaram.
E pelos vivos,
velados pelo sol fatigante
morreram em vida castigados

Levando vida de vela,
içados no mastro e açoitados
Levando vida de vela,
queimando a própria vida até morrer,
o povo queimado.

Levando a vida de muitos nas costas
até se tornarem enlevados.
Levados pela sede de vida.
Quilombolas, revoltados.

Livres na Áurea
os livres de alma.

Pesadelos do passado

Viva o povo queimado!

Qualquer um há de se espantar, com as fantásticas voltas que o mundo dá.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Surpresa ao lado

Se vc abrir vc pode não gostar, se não abrir não saberá

Encha-se, preencha-se com a vida e
deixe sempre um espaço reservado ao inesperado...

O deleite e o perigo moram ao lado.

E faça bom proveito!

sábado, 20 de novembro de 2010

Sofrego 1 - O Povo Seco

Vidas secas, almas esturricadas, barriga vazia, e ainda assim, inchada.

O NORDESTINO é antes de tudo, um forte!!!
 
Que já nasce driblando a morte,
e na vida conta com a sorte,
como parceira, amiga e consorte,
e trabalha na dura labuta diária,
até o seu leito de morte.

Nasce pequeno,
a vida é uma rinha
criado a umas gotas de leite
crescido no mingau de farinha.

A expressão cansada e séria
de gente regada a baldes de água
Bolsas família, Bolsa miséria.

Pro restante do país é um pária
O Nordestino, esse povo forte.
Pra eles Nordeste é outra pátria

de gente enrugada e velha
d'onde só se colhe a morte.

Dai-me paciência Senhor,
ou outra coisa que valha.
Fácilmente me canso dessa gente sulista preconceituosa otária!


Viva o Povo Seco.
E tenho dito!

domingo, 14 de novembro de 2010

Crônicas do Alvorecer - Vento (Vida ou morte de uma vela)

Água é vida. Fogo é vida. Sofrimento e alegria também, assim como a morte é vida. Tão ampla  essa vida... pode-se viver, mas não se define ou explica.

Vela de acender,
vela de içar,
vela de ascender,
vela de iluminar,
vela de aquecer,
vela de navegar.

Uma traz luz ao mundo,
outra leva pra qualquer lugar

Se o vento, ao acariciar,
faz uma vela se apagar,
surgindo a fumaça lamento.
N'outro lado mesmo vento,
passando revolto ou lento,
dá vida ao assobiar

Morta vela pelo sopro
marca a vista com "visagem".
Vela viva pelo vento
ganha vida, faz viagem.

Vela chama, teme o vento
vela pano, necessita.
Uma queima peito adentro
outra tremula aflita.

Quem tiver as duas velas,
dará a volta ao mundo.
Domará as correntezas,
possuirá fulgor profundo.

Fará das ondas caminho,
a despeito do perigo.
Vela acesa vista a frente.
Vela em riste na torrente.

No peito não haverá vazio,
o semblante jamais obscuro.

E não temerá mar bravio.
Nem temerá mar escuro.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Crônicas do Alvorecer - Esquadros, quadrados. E luz

Tento mirar adiante, o futuro distante, por uma janela que não é minha de um quarto que não é meu, numa casa que não é minha.

Esperada porta não se abriu...
fez-se de rogada...
d’onde está a bendita janela?
A que deveria mostrar estrada mais iluminada?

Escondida?
Vindoura?
Apagada?

Paciência nunca me foi característica viva
Mas não me resta alternativa...
Na cabeça turbilhonada e pensativa
Me ponho a esperar pela janela
que dará início a novo ponto de partida.

Fé em Deus, fé na estrada, fé na vida.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Crônicas do Alvorecer - Crisálida

A hora é chegada. Aperte o botão!

Um prazo, ultimato,
um mês até que se consume o fato
no ato, empaco
dúvidas de um fraco?

Cansaço,
espaço,
vazio.

Na boca nem um pio,
na pele o arrepio,
nas tripas, currupio.

No sono a fuga,
prepara o terreno pra dia mais ameno,
ledo engano,
é noite mais escura.

De suposto ventre,
de amor profuso e quente
brota apenas rancor a amargura.

Que se passa na cabeça de tal criatura?

Não me interessa, não tenho porque.
Tenho apenas pressa.
"Só quero saber do que pode dar certo,
não tenho tempo a perder"


Descalço na estrada, não temo nada, mas meus pés reclamam do chão. Não descaminho, sozinho. Meu caminho não é em vão

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Deriva

A vida em curso.... fora de controle, do jeito que deve ser.....ou não?

Remar pra que,
rimar pra que
se não se sabe nem pelo que viver.
não se sabe bem o por quê
que essas pessoas não sabem viver


Rimar pra que,
remar pra que,
se a correnteza pode levar ou trazer
algo melhor pra você

Muitos,
apenas para se satisfazer
desejos e ganâncias
desejando criança ser.
Outros no entanto
ajudam ao próximo,
mesmo sem motivo ter
olhando pra dentro e pra fora

crescendo de dentro pra fora

Rimas de quem?
remos pra que?
respostas? não temos.
Nem eu nem você...

Deixemos então o mestre tempo dizer.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ponte Aérea Rio-Bahia

Tal qual flecha, me lanço por entres os arcos, rodando e bambeando feito pião
Amanhece o dia depois da madrugada
depois da roda dançada e requebrada
Regada a samba, suor e batucada
Não pode faltar uma gelada

Acordei meio se saber de nada
em minha cabeça eu me perguntava
"donde" foi que se deu a batucada?
no pelourinho ou nos arcos da lapa?

Já nem me importo o que importa é que eu tava!


e o samba aqueceu a noite da mulherada
todo malandro saiu com uma nega pra casa

O samba da noite fez mágica engraçada
uma ponte aérea no meio da galhofada

e eu já não sabia aonde é que eu tava
sambando entre cariocas ou na baianada

- Por que?

No rio e na bahia tem mulata,
futebol e samba até de madrugada
roda de amigos e cerveja gelada
corre pra roda! chega negada!

Histórias demais pra uma só vida, vidas demais pra uma história só
 Homenagem a Família Miranda, especialmente seu Carlos.