Idéias móveis

Vai lendo... vai lendo....
vai vendo... vai vendo....
e, se quiser, dizendo, acrescentando
que das idéias pululando, algo há de caber.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Contos Inacabados - O otimista cansado

Eu ia postar um comentário bacana..... mas eu to muito cansado

Era tarde da manhã de segunda.
"Maldita segunda feira!"
Naquele dia, mais cedo, mais uma vez ele acordou o sol e maldisse seu relógio biológico que insistia em despertá-lo.

"Estou tão cansado."

Cansaço profundo e enraizado, que nenhuma noite de sono parecia aliviar. Dormia horas e acordava cansado. E por vezes dormia pouco demais.

Seus braços pesados, suas pernas desobedientes, sua cabeça.... pesada, muito pesada e pensativa o mantinham deitado em seu leito de preguiça e inércia. Mas mesmo assim levantava.
"Puta merda! Imagina só quando eu estiver velho"

 Não queria sair, nem sorrir, nem beijar, nem sentir.... apenas queria dormir. E desejava profundamente voltar a sua cama enquanto tomava um banho mal tomado, na tentativa de despertar.
Observou sua toalha felpuda e macia num tom vibrante de verde. Queria se sentir menos cansado e aproveitar mais livremente as cores e os sabores que a vida tem.
Benditas cores, onde estavam as cores?
"Porra! Que maldito tom de cinza minha vida tem."

O que lhe trouxe de volta a consciência foi um café quente e forte, geralmente um bálsamo rejuvenescedor.
Hoje lhe descia rasgando, sufocando a sua garganta, sem sabor, apenas amargo.... mais açúcar.... e ainda amargo.
"Ah que merda!"

Bebeu mesmo assim, apreciando o gosto ruim, e indagando.
"A vida deve ter um sabor diferente desse café amargamente podre. Precisa ter!"

Acreditava nisso. Isso o fazia continuar.
E esperava na sua ilha de sanidade, náufrago num mundo de lamúrios que ele detestava.
Tinha esperança. E até mesmo a bela e verde esperança, esse sentimento "irracional e piegas" ele não gostava de ter. Gostava mesmo é de resultados rápidos, queria ver a vida melhorar de uma hora pra outra, como num passe de mágica. Queria acordar bem, se sentir bem, se sentir feliz.
"Que pensamento ridículo!"

Parou em frente a porta com a chave da moto na mão, pronto para sair, atrasado como sempre. Pensando cansado, se iria ou não trabalhar naquele dia. Depois de um breve apagão mental, decidiu sair. Suas pernas lhe obedeciam por enquanto, seus braços se moviam, sua acabeça acordava e parava de turbilhonar. E decidiu adiar o descanso por mais um dia.
"Hoje o trabalho venceu. Isso é um bom sinal.".........
........"Otimismo idiota"

Essa sucessão de pensamentos o surpreendeu, o fez olhar pra dentro si. Gemeu e resmungou algo inaudível.... e bateu a porta pensando se realmente gostava de alguma coisa em si mesmo.

Ouviu uma voz por trás da porta dizendo:
- Bom dia!
"Quem dera...!"

Mas lá no fundo... acreditava que seria. E foi-se, e quem estivesse observando pela fresta da porta do elevador poderia ver um tímido sorriso em sua face. Mas os seu olhos.... esses estavam cansados demais para sorrir.
Montou na moto e ligou. Saiu cantarolando um dos seus sambas favoritos sem preceber.
"Tristeeeeeeeeeza não tem fim, felicidade sim."

6 comentários:

  1. Começando muito bem! =)
    Pra variar compartilhando sentimentos e expectativas! Bjos

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  2. Vivo tanto assim que as vezes acho que estou doente
    engraçado que fora de casa é diferente, basta eu dormir em algum hotel em qualquer cidadezinha infeliz que acordo sempre disposto...

    sessão dúvida idiota:
    idéia bem passada e escrita leve, só não captei os trechos em aspas seriam pensamentos ou diálogos? a narração é em primeira pessoa, então presumo que são coisas faladas, que vários textos usam aspas dessa forma.
    estou certo?

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  3. Poderiam ser pensamentos, ou monólogos.... não faz muita diferença... o infeliz acima conversa, contesta, indaga a si mesmo.

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  4. Me identifiquei! Foram tantas as vezes que a cama venceu a batalha! E o pior, quase nunca me deixou de consciencia pesada (Tenho vergonha em dizer isso, pq soa irresponsável...putz! Eu sou irresponsável!) Ter admitido não me dá crédito algum, mas ter ficado dormindo tantas vezes me trouxe prazeres momentâneos insubstitíveis! Ah, snta preguiça!

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